Arquiteta vinda da Síria conta sobre sua vida em Curitiba / PR
A vida de uma refugiada síria em Curitiba
A futura arquiteta Lucia Loxca, uma das participantes da Mostra Container, buscou na capital o recomeço para sua família.
Um em cada quatro refugiados no Brasil é sírio. É o que mostram os dados do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), do Ministério da Justiça. O número de refugiados não deve ter redução tão brevemente. A guerra da Síria, que se arrasta desde 2011, já levou em torno de cinco milhões de sírios a deixarem o país de origem e buscarem refúgio em nações vizinhas ou em países distantes como o Brasil.
A estudante de arquitetura, Lucia Loxca, que viu sua universidade ser destruída por bombas, é uma das refugiadas sírias que deixaram o país e buscaram no Brasil uma possibilidade de um recomeço. Há três anos em Curitiba (PR), Lucia se mudou com outros 15 refugiados, entre eles a família do seu marido, com quem mora atualmente na capital paranaense. “Não tive outra escolha na época, a situação na Síria estava complicada por conta da guerra, e quando decidimos fugir, apenas o Brasil abriu as portas para nós”, lembra Lucia.
Ela relembra que entraram no país com visto para turistas, e quando embarcaram em Curitiba, pediram ao Governo brasileiro refúgio para sírios. A estudante conta que ao ingressar na universidade, foi aprovada como a primeira refugiada a estudar em uma Universidade Federal. “Consegui uma transferência de estudo e logo comecei a fazer estágio na minha área, mas no início, eu tinha que achar outro emprego para sobreviver, e comecei a dar aulas de inglês e árabe. Já a minha família começou um projeto de comida árabe, e hoje está fazendo muito sucesso”, ressalta.
Além da formação em arquitetura, Lucia também é cantora, e juntamente com o marido e a cunhada iniciaram uma banda que se chama ‘Alma Síria’. O grupo faz apresentações em eventos, tanto de comida árabe quanto culturais, com o objetivo de transmitir a cultura síria para o povo brasileiro.
De acordo com o Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), o Brasil tem sido proativo no que diz respeito ao acolhimento desses cidadãos sírios. “O povo brasileiro foi acolhedor, todos gostam de ajudar, especialmente na faculdade. As principais dificuldades que encontrei foram em relação a língua, e a falta de estrutura na chegada de uma pessoa estrangeira no país”, explica Lucia.
A estudante que se forma em agosto deste ano é uma das participantes da Mostra Container. “Conheci o projeto por meio da arquiteta Camille Seleme, também participante da Mostra. Conversei com ela sobre meu projeto de graduação que vai ser sobre centro de acolhimento para os refugiados em Curitiba , e nasceu a ideia de fazer uma proposta em container, foi então que decidi entrar na Mostra Container”, destaca.
Para Lucia, sustentabilidade é um tema fundamental na arquitetura moderna e pode trazer novas ideias para a cidade. “A arquitetura sustentável tem que ser aplicada em todos os países, para que o mundo fale a mesma língua e use as mesmas ferramentas em diversas situações”, finaliza.
Tatiana Hultmann Stavitzki, idealizadora da Mostra container e hoje amiga da família de Abed e Lucia, comenta que no final de 2016, Lucia e sua família foram presenteados em uma campanha de Natal da Britânia; a solidariedade e o carinho ao próximo são virtudes que a família síria destaca no povo brasileiro. Sem elas, o processo de adaptação no Brasil teria sido impraticável.
Ela comenta ainda que a participação do casal gerou forte impacto no grupo de arquitetos da Mostra e que a coragem em recomeçar, respeito pelas diferenças, determinação e união familiar, sob seu ponto de vista, são exemplos a serem seguidos.
Quer experimentar o sabor da comida feita pela família do Abed e Lucia?
Para conhecer a Mostra Container e os participantes deste projeto visite o site: www.mostracontainer.com.br
